Parto humanizado retoma antigos procedimentos e devolve à mãe o controle Do ritmo do seu corpo na hora de dar à luz
Parto humanizado retoma antigos procedimentos e devolve à mãe o controle do ritmo do seu corpo na hora de dar à luz
Grande parte das mulheres passam a gestação preocupadas com a hora do parto, afinal a própria palavra se tornou sinônimo de algo sacrificado, difícil e até mesmo doloroso. Mas será que a hora de receber o bebê aguardado por nove meses deve ser realmente traumátca? Para a enfermeira obstetra Andréa Porto da Cruz, não.Com experiência na área de obstetrícia, a enfermeira é defensora do parto natural humanizado e diz que com este método a mulher pode ter total domínio do momento do nascimento. “O parto natural ou humanizado representa uma retomada do método antigo de dar à luz quando a mulher dita o ritmo do parto, ela escolhe como terá o bebê e quando ele nascerá”,
A diferença entre parto natural humanizado e o parto normal é justamente a maneira como o processo é conduzido. No parto humanizado o atendimento é centrado na mulher, que é tratada com respeito e de forma carinhosa, podendo desfrutar da companhia da família, caminhar, tomar banho de chuveiro ou banheira para aliviar as dores. As intervenções de medicamento, aceleração do parto ou mesmo o tradicional corte vaginal acontece somente quando é estritamente necessário.
“Hoje o parto normal é mesmo um sofrimento. A mãe tem que ficar deitada todo o tempo em que está em trabalho de parto, geralmente com soro que acelera o processo, na hora do parto ela é removida para outra sala e recebe de qualquer forma o corte vaginal. Além de tudo isso ela não pode gritar, andar e muitas vezes fica sozinha durante este processo”, explica a enfermeira.
Alguns hospitais oferecem uma situação mais acolhedora na hora do parto, com quartos que são usados antes, durante e depois do parto, mas a também enfermeira obstetra Karina Fernandes comenta que para isso toda a equipe deve estar preparada e disposta para enfrentar o trabalho de parto no ritmo da mulher.
Karina acompanha partos em casa. Ela diz que a mulher que opta pelo parto natural deve estar disposta e consciente de que terá papel ativo no parto. A enfermeira, quando solicitada para este tipo de parto caseiro, acompanha a gestante desde o início das contrações até o nascimento e deve estar preparada para levar a gestante para o hospital caso o parto natural não seja realmente possível.
O grande medo de toda mulher é a dor. Sobre isso, Andréa explica que ela varia muito de pessoa para pessoa e que ela pode ser aliviada de forma natural, com massagens nas costas, aromaterapia, banhos de chuveiro ou de banheira. O tempo em que a gestante fica em trabalho de parto também pode ser variado. Em geral a primeira gestação leva em torno de 16 horas, já as demais o tempo chega a 12 horas.
Para que os casos de intervenção sejam minimizados existem alguns procedimentos que podem ser feitos antes de se optar pela cesárea. “Colocamos a gestante para fazer alguns exercícios em bola de parto e outros aparelhos para recolocar o bebê em posição para o parto. Vamos monitorando o tempo todo, com o partograma, que é um gráfico para avaliar a evolução do parto e no caso de necessidade de intervenção e em ultimo caso encaminhamos para a Cesárea”, diz Andrea.
Além do fator humano e sentimental o parto natural também oferece uma recuperação mais rápida para a mãe e menos risco para o bebê, isso por que ao nascer de parto natural ele corre menos risco de aspirar liquido e também de infecções.
Hoje no Brasil são realizados 80% de Cesáreas em hospitais particulares. Na rede pública este número cai para 35%, mas o número de nascimentos por parto normal ainda está muito abaixo do recomendado pela Organização Mundial da Saúde, que estipula uma média de 15% de cesáreas.Grande parte das mulheres passam a gestação preocupadas com a hora do parto, afinal a própria palavra se tornou sinônimo de algo sacrificado, difícil e até mesmo doloroso. Mas será que a hora de receber o bebê aguardado por nove meses deve ser realmente traumátca? Para a enfermeira obstetra Andréa Porto da Cruz, não.
Com experiência na área de obstetrícia, a enfermeira é defensora do parto natural humanizado e diz que com este método a mulher pode ter total domínio do momento do nascimento. “O parto natural ou humanizado representa uma retomada do método antigo de dar à luz quando a mulher dita o ritmo do parto, ela escolhe como terá o bebê e quando ele nascerá.
Parto humanizado retoma antigos procedimentos e devolve à mãe o controle do ritmo do seu corpo na hora de dar à luz
Grande parte das mulheres passam a gestação preocupadas com a hora do parto, afinal a própria palavra se tornou sinônimo de algo sacrificado, difícil e até mesmo doloroso. Mas será que a hora de receber o bebê aguardado por nove meses deve ser realmente traumátca? Para a enfermeira obstetra Andréa Porto da Cruz, não.Com experiência na área de obstetrícia, a enfermeira é defensora do parto natural humanizado e diz que com este método a mulher pode ter total domínio do momento do nascimento. “O parto natural ou humanizado representa uma retomada do método antigo de dar à luz quando a mulher dita o ritmo do parto, ela escolhe como terá o bebê e quando quando ele nascerá.
parto em casa pode representar sérios riscos
O avanço na medicina e em exames complementares registrado nas últimas décadas gerou uma "medicalização" intensa em diversas especialidades e, em especial, quando relacionada à gestação. Muitos partos com potencial de serem realizados de forma natural e espontânea acabavam em cesáreas desnecessárias, dando ao país o vergonhoso título de campeão mundial em cesarianas. "A Organização Mundial da Saúde aceita como taxa normal de cesáreas cifras em torno de 20% dos partos - índices presentes na maioria dos países desenvolvidos. Isso significa que a cada 10 pacientes que estejam em trabalho de parto, duas precisam da cesárea para assegurar um recém-nascido saudável", revela a Dra. Flávia Fairbanks, ginecologista especializada em sexualidade humana.Em resposta às altas taxas de partos operatórios registrados no Brasil, teve início um forte movimento em prol do parto normal. O governo instituiu campanhas a favor do método e grande parte da mídia apoiou a iniciativa.
Já em relação aos obstetras, houve certa apreensão quando a campanha começou a incentivar o uso das "casas de parto", muitas vezes localizadas longe dos hospitais e, principalmente, pelo fato de não haver nesses locais possibilidade de se converter um parto normal em cesárea no caso de uma emergência. "A iniciativa do parto domiciliar vem ganhando força há alguns anos, mas nessa situação a possibilidade de socorro numa emergência é muito pequena. A mãe pode necessitar de cuidados mais amplos, como a analgesia de parto para suportar a dor das contrações, medicamentos para controlar a pressão arterial durante o trabalho de parto, entre outras necessidades. Quanto ao bebê, ele pode precisar de manobras de reanimação neonatal para garantir a boa oxigenação do sistema nervoso ao nascer. Todas essas etapas requerem aparelhagem e pessoal treinado, tanto equipe médica quanto enfermagem, dificilmente encontrados numa situação de parto domiciliar", declara Dra. Flávia.
A ginecologista afirma ser favorável ao parto normal, desde que haja garantia absoluta de conforto para a mãe e a criança, através de um ambiente adequado, com a devida assistência médica, de enfermagem e com o equipamento de suporte para os casos de emergência, como aparelho de anestesia, oxigênio e neonatologistas experientes em reanimação neonatal. "O momento do parto pode ser decisivo para as demais etapas da vida do ser humano. O tipo de assistência recebida pela gestante e pelo bebê poderá determinar se o resultado final será positivo, com mãe e filho saudáveis e em segurança", finaliza a médica.
O sistema hormonal do parto
Como o corpo produz tudo o que é necessário para que o parto seja um evento seguro, e a conseqüência das interferências nesse processo
É bem sabido que a vida na terra é composta de uma rede que interconecta todos os seres, onde um depende do outro para que o todo subsista. A própria natureza cria sistemas de auto-regulação que favorecem a vida. É como se fosse do próprio “interesse” do todo manter a reprodução dos seres vivos.
Assim, é inato a cada fêmea do reino animal - como a cada mulher - um sistema reprodutivo perfeitamente organizado para a manutenção da espécie e para que gerar, gestar, e parir sejam experiências seguras para a mulher. Num parto sem perturbações, o próprio organismo humano se ocupa de produzir analgésicos (beta-endorfinas) que aliviam as dores do parto, ou de atingir um pico de ocitocina que previne hemorragia pós-parto, por exemplo.
Mesmo sem receber informações sobre o que deve ser feito, sem ser “educado” para o parto, o corpo feminino será capaz de realizá-lo, da mesma maneira como realiza qualquer outra função fisiológica sem que haja necessidade de um comando racional para acionar esse mecanismo.
O parto é um evento fisiológico
Em seus seminários, o obstetra francês Michel Odent lança sempre a pergunta: “qual é a parte mais ativa em uma mulher em trabalho de parto?” - o cérebro. É ele que comanda todas as contrações uterinas, a intensidade com que acontecem, o ritmo do trabalho; é o cérebro que acionará e liberará no organismo da mulher hormônios que vão além do nascimento em si, agindo na transformação da mulher (e todas as outras fêmeas) em uma mãe. Alguns hormônios atuam não apenas no nível físico, mas também no nível comportamental e emocional, como a prolactina, que ativa o instinto materno, ou as beta-endorfinas que criarão o laço de dependência e cuidado entre mãe e filho¹.
Há milhares de anos esse mecanismo fisiológico tem permitido que a espécie humana se perpetue. As intervenções médicas nesse processo, contudo, têm acarretado partos difíceis, traumáticos, e com seqüelas comportamentais e emocionais, que se mostram seja nas mulheres com depressão pós-parto ou sentindo-se incapazes de cuidarem de seus filhos, seja na instituição de uma sociedade mais violenta, devido aos seus “novos integrantes” não terem recebido doses de hormônios previstos pelo cérebro.²
Hormônios sintéticos (utilizados para induzir e/ou acelerar o trabalho), analgésicos, epidurais, ou mesmo condições externas como luz forte, por exemplo, podem interferir nessa rede hormonal e interromper o encadeamento fisiológico e a seqüência do trabalho. Hormônios sintéticos causam efeitos físicos em determinada parte do corpo, mas não atuam no comportamento como os hormônios produzidos pelo próprio cérebro, além de possuírem uma ação isolada, não sendo regulados de acordo com o que está acontecendo no resto do corpo da mãe e do bebê.
Hormônios naturais x Hormônios Sintéticos
Quando é ministrada ocitocina sintética a uma mulher durante o trabalho de parto, o número de receptores de ocitocina no útero é reduzido pelo corpo para prevenir uma estimulação em excesso.³ Isso significa que a mulher tem maiores riscos de hemorragia pós-parto, pois sua própria liberação de ocitocina, crítica nesse momento para contrair o útero e prevenir a hemorragia, será inútil devido ao baixo número de receptores.
A ocitocina materna atravessa a placenta e entra no cérebro do bebê durante o trabalho, agindo para proteger as células cerebrais fetais “desligando-as”, e diminuindo o consumo de oxigênio em um momento em que os níveis de oxigênio disponíveis para o feto são naturalmente baixos4. A ocitocina sintética, porém, não tem a capacidade de atravessar a parede placentária, e não atingirá o organismo do bebê.
Outro efeito da ocitocina sintética é que as contrações produzidas por ela podem acontecer muito próximas umas das outras, impedindo que o bebê se recupere da pressão sofrida pelo útero. Em condições normais, o cérebro da mãe libera a ocitocina por meio de pulsações, e como os dois organismos – mãe e bebê - estão em comunicação durante o trabalho de parto por meio do fluxo sanguíneo comum, o cérebro conseguirá “ler” o nível de catecolaminas liberada na corrente sanguinea pelo bebê, regulando a intensidade e o ritmo das contrações de acordo com o nível de estresse vivido pelo bebê e pela mãe.
Os níveis de todos os hormônios presentes no momento do parto são regulados de acordo com o andamento do trabalho e do estado físico em que se encontra a mãe e o bebê. A alteração de um só elemento desestrutura toda essa delicada rede, cujas conseqüências se estendem para o pós-parto, o aleitamento e a relação emocional entre mãe e filho. Nos momentos finais da preparação do bebê para o nascimento, os hormônios atuam para amadurecer os pulmões e regular o sistema termogênico (regulação térmica) do recém-nascido.
Os danos causados por interferências no sistema hormonal do parto
Durante o período pré-natal, o cérebro do bebê está mais vulnerável a danos irreversíveis5 e estudos indicam que substâncias ministradas por volta da hora do parto, mesmo em pequenas doses, podem causar efeitos colaterais na estrutura do cérebro e na química do recém-nascido que talvez não sejam claros até a idade adulta.6
Os medicamentos ministrados à mãe entram imediatamente na corrente sangüínea e vão igualmente ao bebê, e alguns desses medicamentos serão absorvidos preferencialmente pelo seu cérebro7. A meia-vida das substâncias ministradas (ou seja, o tempo que se leva para reduzir em 50% o nível do medicamento da corrente sangüínea) é muito maior no organismo do bebê após o corte do cordão umbilical. A buvicaína, por exemplo (medicamento derivado da cocaína, usado como anestésico local), tem uma meia-vida de 2,7 horas no organismo adulto, mas cerca 8 horas em um bebê recém-nascido.8
Os medicamentos utilizados em procedimentos de rotina nos partos continuam agindo no corpo da mãe e do bebê por horas após o parto, fazendo com que a mãe esteja sedada no momento de seu primeiro encontro com seu filho, e que o bebê nasça sob efeito dessas drogas, o que causa um imprinting químico no seu cérebro. As conseqüências desse fenômeno poderão ser percebidas na vida adulta como tendência física em reviver tal sensação experienciada no parto, causada por essas substâncias anestésicas. O imprinting previsto pela natureza para o cérebro do bebê neste momento seria aquele realizado pela ocitocina produzida pelo cérebro da mãe e do bebê durante um trabalho de parto sem interferências.
Para que o trabalho e o parto aconteçam de forma ideal, algumas medidas simples podem ser tomadas, que permitem que o sistema límbico (parte primitiva do cérebro, comum a todos os mamíferos) faça o trabalho de produção dos hormônios necessários ao parto e ao imprinting no cérebro da mãe e do bebê. O neo-cortex humano - a parte mais racional e moderna do cérebro, que quando em ação impede o perfeito funcionamento dos comandos do sistema límbico, que comanda as funções fisiológicas previstas para o parto9 - é estimulado por luzes fortes, pela construção de um raciocínio por meio da linguagem, pelo frio (libera adrenalina), e pela sensação de estar em risco. Evitar todos esses fatores é a condição básica para que o parto seja facilitado, e que o corpo coloque em ação o modelo fisiológico previsto para um parto seguro e prazeroso.
O conceito de Parto Ativo foi desenvolvido pela educadora perinatal Janet Balaskas, na Inglaterra. Parto Ativo significa que a mulher é quem faz o seu bebê nascer. Não é o médico quem faz o parto. Não é a parteira quem faz o parto. É a mulher, seu corpo, sua mente e sua alma. Claro que não existe Parto Ativo sem uma equipe que aceite neutralizar sua participação em favor do protagonismo da gestante. Portanto para um parto verdadeiramente ativo é necessário uma mulher ativa, um acompanhante (o pai do bebê ou outro por ela escolhido), um bebê e alguém que fique ao lado apenas verificando se tudo está bem, sem intervir no processo natural do nascimento.
O corpo da mulher já vem preparado para o parto, e até mesmo mulheres em coma conseguem ter partos normais. Sedentárias, ginastas, ativas, magras, gordas, altas ou magras, todas as mulheres têm a capacidade inata de permitir que o bebê viva, se desenvolva e nasça através de seu corpo. No entanto o parto é um processo dinâmico, no qual o bebê faz uma série de movimentos através da pelve, até que possa sair para a luz. Ele desce, insinua seu crânio pela bacia pélvica, dobra o pescoço, gira, colabora. Enquanto isso a mãe se move, anda, muda de posição, pende apoiada pelo companheiro, acocora, deita. Como quando tentamos tirar um anel justo do dedo, só o movimento é que permite que um deslize ao redor do outro.
Se permitimos que a mulher adote todas as posições que lhe parecem confortáveis, se possibilitamos a liberdade de movimento e ações, se o ambiente do parto for propício para essa liberdade, mãe e bebê encontrarão a fórmula para a travessia que eles têm que fazer. Por isso é fundamental que no ambiente do parto sejam oferecidos os elementos fundamentais para um parto ativo:
- Privacidade: se a mulher não tiver privacidade, ela fica tolhida em sua liberdade e deixa de se movimentar de acordo com sua vontade.
- Opções à cama: deitar é em geral a última coisa que uma mulher quer fazer em trabalho de parto, de forma que ela precisa ter opções como a bola suíça, cavalinho, banqueta de parto, almofadas, cadeira, poltrona, etc...
- Equipe: é importante que as mulheres sejam acompanhadas por pessoas que estejam acostumadas ao conceito de parto ativo, como as doulas, enfermeiras obstetras e médicos obstetras motivados e seguros em relação ao parto natural.
- Recursos não farmacológicos para a dor do parto: sendo o parto um processo lento e muitas vezes doloroso (especialmente no pico das contrações), é fundamental que a mulher possa ter à mão os recursos para lidar com essa dor, como chuveiro, banheira, bolsa de água quente, chás e o que mais for possível dentro do contexto.
- Prioridade para o parto natural: para que a mulher se sinta no controle da situação, ela precisa vivenciar o processo da forma como a natureza propôs, ou seja, sem o artifício do jejum, da ruptura artificial da bolsa das águas, do uso de soro com hormônio (ocitocina), forças dirigidas, etc...
Dentro dessa filosofia de atenção ao parto, os procedimentos médicos são destinados apenas às situações especiais, que não deveriam superar uma pequena porcentagem do total de mulheres saudáveis. O parto sempre será um processo normal e natural, para o qual as mulheres continuam estando preparadas, independente de não lavarem mais roupas à beira do rio acocoradas. Basta que deixemos as grávidas em paz e que lhes ofereçamos o mínimo necessário para o conforto, e elas saberão o que fazer.
Se você está grávida e deseja ter um Parto Ativo, leia, pesquise, pergunte, questione seu médico, questione a maternidade onde vai ter seu bebê, faça um plano de parto, procure um grupo de apoio, faça seu acompanhante entender a importância desse processo para você e seu bebê. Não entregue o seu corpo, seu bebê e seu parto nas mãos de outros. Eles lhe pertencem.
O parto na rede pública, e privada com e sem plano de saúde
Os procedimentos, condutas hospitalares e direitos da mulher em relação ao parto não se diferem nos hospitais públicos, privados ou com plano de saúde. A diferença está no poder aquisitivo e nos tipos de parto realizados.
As maternidades privadas estão ficando cada vez mais parecidas com hotéis de luxo. Enquanto isso, é cada vez mais comum verificar na rede pública desde a falta de leitos, mulheres em peregrinação por vários hospitais para encontrar uma vaga, falta de recursos humanos, tratamentos absolutamente desumanos e sem qualquer estrutura para atender uma parturiente até maternidades modelo com programas premiados de humanização do parto.
Esse é apenas um dos reflexos da desigualdade social que impera no país, fazendo do Brasil o segundo país do mundo com maior diferença de renda.
Cesariana em alta nas privadas - Mas é no tipo de parto realizado por essas maternidades que está a grande diferença. Na rede privada, a taxa de parto cesárea chega a quase 80%. Os índices mais altos estão na rede privada com plano de saúde.
Já nos hospitais e maternidades da rede pública, as taxas de cesariana caem para 27.5%. Esses dados são apontados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), órgão governamental que regula a ação das operadoras de planos no País.
Pela Organização Mundial da Saúde, a recomendação é de que as cesarianas representem 15% dos partos. Mesmo nos hospitais públicos, o Brasil tem um índice muito alto de partos cesáreas. Isso mostra o quanto o país ainda está distante de oferecer uma assistência de qualidade à mulher.
Se o cálculo da idade gestacional do bebê for malfeito, o parto cesárea será feito antes da hora e o bebê nascerá prematuro, podendo trazer complicações no pós-parto como distúrbios respiratórios. Bebês de 37 a 38 semanas têm 120 vezes mais chances de apresentar a síndrome da angústia respiratória do que aqueles de 39 semanas. No parto normal, você tem certeza que ele está nascendo na época adequada.
O risco de morte materna em partos cesárea aumenta em 2,8 vezes em relação ao parto normal. A mãe também pode sofrer hemorragia e infecção puerperal. Sua recuperação é mais demorada do que no parto normal e sua estadia no hospital é maior.
O parto cesárea só deve ser realizado em situação de risco para a mãe ou para o feto ou se o trabalho de parto se estender excessivamente.
Opção pela cesariana - Os motivos para o elevado índice do parto cesárea são por comodidade da mãe e do médico que controlam a situação do parto, marcando dia e horário para o nascimento, diferentemente do parto normal, em que a natureza determina o dia e horário.
Outro motivo é o financeiro. Muitas instituições privadas têm como objetivo o lucro em detrimento de assistência e, portanto, o parto cesárea é mais lucrativo.
Já os médicos no Brasil geralmente são mal-remunerados, principalmente os que são conveniados com os planos de saúde, e por isso precisam trabalha em mais de um lugar. Por prestarem serviços em vários lugares, não têm tempo de ficar monitorando as parturientes nas seis ou mais horas de trabalho de parto de um parto normal.
O pagamento pelos convênios ou mesmo pelos pacientes particulares é maior com o parto cesárea e além de tudo é mais rápido. Assim o médico faz mais partos com maior lucratividade. Isso já não acontece na rede pública, onde o valor do pagamento pelos partos é o mesmo para normal e para a cesariana.
Além da comodidade, as mulheres preferem o parto cesárea por medo da dor do parto e os médicos cedem a pressão. Um bom pré-natal esclarecendo todas as dúvidas e mitos, inseguranças e medo da hora do parto com um obstetra que apóie o parto normal dará tranqüilidade e segurança para a mulher na hora de dar à luz e isto por si só já ameniza a dor.
Mas se a dor do parto normal for insuportável, a parturiente pode pedir a anestesia peridural onde as contrações continuarão, mas a dor não será mais sentida.
Como a necessidade de economia na rede pública é grande, a tendência é não abusar da tecnologia. Essa economia traz vantagens para a mãe e o bebê onde é a natureza que tem o controle do parto e o médico está presente para acompanhamento e intervenção só se for preciso. Mas a principal razão da queda no número de cesáreas foi as medidas tomadas pelo Ministério da Saúde para incentivar a realização de partos normais.
Os planos de saúde poderiam ajudar a reverter os altos índices de cesarianas oferecendo mais estímulo ao médico tanto do ponto de vista financeiro, pagando melhor o parto normal, como no aspecto de humanização do parto.
Cabe ao médico indicar o tipo de parto mais adequado para cada mulher e a gestante deve aceitar ou de questionar a escolha. Mas se a gestante pode ter o seu filho de parto normal e o médico indica a cesárea, há um desrespeito ao direito da mulher.
pós partoToda mulher tem direito a uma gravidez saudável e a um parto seguro. Muitos dos direitos da mulher na hora do parto e pós-parto são desrespeitados muitas vezes por falta de conhecimento da própria mãe. Aqui vamos relatar os direitos da mulher na hora do parto e no pós-parto.
Nenhum hospital, maternidade ou casa de parto pode recusar um atendimento de parto já que é considerado uma situação de urgência. A parturiente só pode ser transferida para outro local se os profissionais da saúde a examinarem e houver tempo suficiente para que chegue no local onde a vaga e garantia de atendimento estiverem confirmadas.
Quando já estiver internada e no trabalho de parto, a mamãe deve ter todas as suas queixas e reclamações ouvidas e dúvidas esclarecidas. Ninguém, isso inclui a equipe do hospital e acompanhante, tem o direito de intimidá-la ou recriminá-la quando gritar, chorar de dor, seja também por qualquer outro motivo. É uma reação normal que toda mulher tem o direito de ter.
As roupas usadas pela mamãe devem ser confortáveis e que não tragam nenhum constrangimento. A mulher à espera de dar à luz também tem o direito de ter um acompanhante na hora do parto de sua própria escolha. O melhor é conversar sobre isto antes do parto.
Converse com a equipe sobre a necessidade de lavagem intestinal e raspagem dos pêlos pubianos, isso nem sempre é necessário, assim como o soro com medicamentos para indução do parto. Esse soro só é necessário em ocasiões especiais. O melhor é pedir explicações sobre todos os procedimentos feitos pela equipe do hospital e estes devem fornecer, pois também é um direito.
Parto - O melhor e mais seguro parto para a mulher é o parto normal e toda mulher tem direito. O parto cesárea é uma cirurgia que tem chances maiores de complicações e só deve ser feito em casos extremos. A equipe deve estar preparada para fazer uma assistência humanizada e de qualidade tanto para a mamãe como para seus acompanhantes.
Se a mamãe quiser, poderá ingerir líquidos durante o trabalho de parto. A equipe hospitalar indicará a hora de fazer jejum.
Na hora do parto, a dor aparece e cada mulher sente essa dor de maneiras diferentes. Umas acham suportável e agüentam um parto sem anestesia, outras não toleram e podem pedir a aplicação de anestesia.
Nem sempre é necessária a episiotomia (corte feito no períneo para aumentar a passagem do bebê e evitar o rompimento da pele da vagina). Pergunte ao médico se no seu caso a episiotomia realmente é imprescindível.
Caso precise de um parto cesárea, é importante que a mulher saiba os motivos da necessidade desta cirurgia. Esse parto só deve ser realizado quando for para o bem da sua saúde ou do bebê.
Depois do parto, a mamãe tem o direito de ter o bebê ao seu lado no Alojamento Conjunto e de amamentar em livre demanda. A separação só precisa ser feia se um dos dois necessitar de cuidados especiais.
Tem direito também de receber informações sobre a amamentação e suas vantagens tanto para você quanto para o bebê. No momento da alta, você deve sair com orientações sobre quando e onde deverá fazer a consulta de pós-parto e do controle do bebê.
Em todo procedimento realizado ou solicitado, a mamãe tem o direito de ser informada com palavras simples sobre os motivos da conduta. E ela tem o direito de escolha quando qualquer procedimento tenha mais de uma opção para ser realizado.
Caso não seja bem atendida em qualquer momento do seu parto, a recomendação é procurar a gerência do serviço de saúde e relatar sua queixa.
Fechar o ciclo - Se a mamãe quiser fazer a ligadura de trompas deve ter certeza do que quer, pois é para sempre. Você tem o direito de ser informada sobre todos os outros métodos para evitar uma gravidez.
Lembre-se que fazer uma cesariana para realizar ligadura de trompas é contra a lei e é um risco desnecessário à sua saúde.
A nova lei sobre planejamento familiar permite a realização da ligadura em mulheres com mais de 25 anos ou com mais de dois filhos. Mas a ligadura não poderá ser feita logo depois do parto ou da cesárea, a não ser que você tenha algum problema grave de saúde ou tenha feito várias cesarianas.
Se você decidir ligar as trompas, saiba que a ligadura pode ser feita gratuitamente nos hospitais públicos e conveniados ao SUS.
Não só a mamãe, mas o papai também tem direitos nos serviços de saúde. Tem o direito de ser reconhecido como pai e não como visita na época do parto, tendo acesso facilitado para acompanhar a mamãe e o bebê a qualquer hora do dia.
Também tem direito de ir à consulta pós-parto da mulher para receber informações e orientações sobre contracepção e prevenção de doenças transmitidas em relação sexual. A participação do pai durante a gravidez, parto e pós-parto é um dever que deve ser exercido.
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